domingo, 15 de janeiro de 2023

Crônica- Ignacio de Loyola Brandão

 

CURTAS HISTÓRIAS


Livros registram catástrofes que nos assombraram ao longo dos tempos.
Diques romperam em Brumadinho, mataram centenas de pessoas, famílias
perderam tudo o que tinham, e ficou por isso. Caso nunca resolvido.

Nero incendiou Roma e ficou a tocar harpa (fake news?) enquanto o fogo
comia a cidade. Uns dizem que foi capricho de uma alma atormentada.
Outros, que ele tinha a intenção de culpar os cristãos (estes
deviam ser a esquerda na época) e acabar com eles. Depois de uma vida
conturbada, marcada por assassinatos, orgias, corrupção e desmandos,
Nero foi condenado a suicidar-se.

A biblioteca de Alexandria foi incendiada no ano de 640 a.C. por ordem
do califa Omar. Os livros foram destinados às fornalhas que aqueciam
as águas dos balneários da cidade. Foram 700 mil volumes queimados
para deleite da elite nas saunas.

O terremoto de São Francisco de 1906 matou 3 mil pessoas. Incêndios
irrompiam por toda parte e não havia água para os bombeiros. Segundo
Sam Wolfe, um sobrevivente, “a rua parecia estar se movendo em
ondas, como o mar. Quem conhece cinema sabe que é a esse terremoto
que Gilda (Rita Hayworth) se refere no filme quando canta _Put the
Blame on Mame._

Em dois períodos, em 1921 e 1922 e em 1932 e 1933, 15 milhões de
pessoas morreram de fome na Ucrânia, por culpa do plano de
“coletivização” dos produtos agrários imposto aos produtores.
Diante dos confiscos, os agricultores passaram a esconder sua
produção. Mas havia denúncias e prisões. Lembram-se dos “fiscais
de Sarney” em 1986, que percorriam os campos em busca de bois
escondidos e multavam?

No domingo, dia 8 de janeiro, uma semana depois de Lula assumir a
Presidência, quem estava vendo séries, o programa da Eliana, um
filme bíblico na tevê Record ou algum jogo da liga europeia (com
jogadores milionários e fracassados na nossa seleção) deu com cenas
insólitas na televisão. Um bando de desatinados, escoltados pela
polícia em Brasília, invadiu o Palácio do Planalto, o Supremo
Tribunal Federal e a Câmara dos Deputados. Era o que BOLSONARO
prometera, o golpe. Os vândalos destruíram o que puderam, de obras
de arte valiosas a computadores, brasões, retratos de ex-presidentes.
Assim como quem tomou vacina não virou jacaré, como o mundo não
acabou com o cometa Biela, 1845, nem com o Halley, 1910, nem com o Bug
do Milênio, o golpe mesmo não aconteceu. E a turma está presa e
processada. Bolsonaro estava na Flórida em um hospital, com dores
abdominais. Na verdade está com os pés crivados de balas. O golpe
não passou de um tiro nos pés. Aliás, uma rajada. Bolsonaristas
dizem que a prisão – a princípio um ginásio, sem chuva e vento
como nos acampamentos – é campo de concentração. Sacrilégio com
o tragédia judaica.

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