segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Triste Catalunha , Triste Espanha.




Falta de diálogo, falta de conhecimento e a busca por soluções rápidas e milagrosas podem ter levado a Espanha, depois desse referendo de domingo (ontem) rumo a uma nova guerra civil. Numa época de crise ilusões são lançadas, e para o povo da Cataluña a fumaça que está turvando a visão de todos se chama "separação da Espanha" que é vista como solução para todos os males como inflação, desemprego, saúde, imigração, etc. O que a grande maioria não sabe é que os catalães vão ter que criar um novo país e arcar com o ônus dessa criação. Ou seja, a situação só vai piorar. A palavra "liberdade" ofusca a visão de todos e em nome dela políticos se aproveitam para ganhar mais poder, usa-se a palavra "liberdade" em vão e acusa-se de reacionários os que não caem nessa falácia política. A emancipação da Cataluña está sendo vendida como solução para a crise econômica, mas se ela acontecer só vai gerar mais crise para os catalães.
  Quando se fala em liberdade para a Cataluña se esquece de dizer para todo o mundo que a Espanha é uma Confederação e que desde a Constituição de 1978 a região já tem autonomia.  A Constituição estabeleceu o direito à autonomia das regiões e nacionalidades. Segundo o artigo 143: «…as províncias limítrofes com características históricas, culturais e económicas comuns, os territórios insulares e províncias com entidade regional histórica poderão usufruir de direito de autogoverno e constituir-se em Comunidades Autónomas ». Ou seja, possuem seu presidente, falam a sua língua, mantém suas tradições, tem seu hino e bandeira, etc.
Por isso creio que esse movimento de separação que estamos assistindo pode levar a dois caminhos: o mais leve, mas não mais difícil, é o entendimento e futuro rompimento com a monarquia espanhola através do diálogo, o outro, é o mais duro, e pode levar a mais uma guerra civil que será ruim para todos. 
  Quando falamos Espanha deveríamos dizer "As Espanhas" porque esse país foi formado pela união- matrimônio dos diversos reinos e condados que ali existiam durante a expulsão dos "mouros”. AL-Andalus foi o nome dado a Península Ibérica no Séc. VIII a partir do domínio muçulmano do Califado Omíada oriundo do norte da África. Durante mais de 700 anos os reinos cristãos lutaram juntos para expulsar os "mouros" (morenos) da região. É nesse contexto que surge o Reino de Portugal fundado por Alfonso Henriques conde de Portocale em 1128. As campanhas militares patrocinadas pela união conjugal dos Reis Fernando de Aragão e Isabel Castela consolidaram o processo de reconquista, culminando na expulsão completa dos muçulmanos em 1492, com a retomada do reino de Granada e a unificação da Espanha num Estado Nacional sob sua coroa. Uma unificação que centralizou o poder nas mãos dos Reis Católicos.
  Esse arranjo feito para a expulsão dos muçulmanos nem sempre foi bem aceito por todos os reinos que agora desapareceram sob a bandeira de Castela-Aragão. Muitas foram as disputas e se corrermos no tempo quatrocentos anos veremos que no séc. XIX aconteceram mais de três guerras civis por questões dinásticas. Já no Séc. XX, em 1931, uma República foi proclamada, mas os monarquistas e o exército começaram uma nova guerra civil que terminou apenas em 1939 com o Gen. Francisco Franco no poder. Uma ditadura militar que com o apoio da Igreja Católica colocou todos os espanhóis sob seu cabresto. Essa ditadura durou trinta e cinco anos e só terminou com a morte de Franco em 1975. Novamente o jogo político fez da Espanha uma Monarquia Parlamentarista e a partir de 1978 a nova geografia da Espanha mostra uma Confederação formada por Comunidades Autônomas.  
  Como as imagens ajudam na compreensão abaixo alguns mapas esclarecedores. (Clique no mapa para ampliar) 







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