quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Conchas , Caracóis e Pessoas.

Sempre é interessante olhar a vida de outro ângulo e às vezes eu me surpreendo com os entendimentos que uma simples observação nos proporciona.
Hoje de manhã fui caminhar na beira do mar. Música saindo dos fones de ouvido, um sol meio fraco e um clima ameno. Na realidade o clima ainda não decidiu o que quer ser. Está indeciso entre o inverno que passou e a primavera que chegou. A água do mar estava uns dezessete graus. Fria para essa região quando no verão a água chega a 26 graus. Mas não tão fria como já esteve no alto inverno.
Descobri que caminhar na praia faz bem não só pra minha hipertensão, mas para uma reflexão. Como hoje ,quando depois de dias de chuva, o mar deixou na areia um rastro de conchas. Mesmo não sendo Pablo Neruda , que adorava e colecionava caracóis,  eu resolvi procurar um caracol para mim. Adoro caracóis. Por quê? Não sei bem. Talvez porque de dentro dele a gente ouve um som que se assemelha ao do mar. E eu amo o mar. Ou talvez porque me intriga o seu formato. Por isso sempre preferi caracóis às conchas comuns. Na realidade não gosto muito das coisas comuns. Exigente sempre preferi as especiais. Mas sei que essas são difíceis de achar e também nos enganam: parecem especiais, mas são comuns. E é claro que já me enganei algumas vezes.
Caminhava e pensava que seria bem difícil encontrar algum caracol agora. Já havia colhido alguns na minha vida e sabia que não era fácil de achar. Tinha, no entanto, um monte de outras conchas que eu podia pegar. Conchinhas pequenas ainda jovens, viçosas, branquinhas, mas sabia que elas eram muito frágeis bastava uma pessoa distraída pisar numa para elas se partirem em diversos pedaços. Tinha também umas conchas mais escuras, maiores, meio amarronzadas. Eram mais fortes, tinham seu charme, mas existiam tantas espalhadas ao longo da praia que elas se tornavam comuns. À medida que andava era invadida pela certeza de que só por muita sorte eu encontraria a minha concha especial, o meu caracol.
Mesmo sem esperanças ia caminhando , cantando , olhando a areia e o movimento do mar cuja maré estava subindo e que vira e mexe trazia e levava mais e mais conchinhas. Absorta na caminhada olhei distraída para perto do meu pé e vi surpresa um  grande caracol que me olhava lá de baixo como se estivesse me esperando .
Feliz com meu achado. Lavei a sua areia no mar e guardei a minha preciosidade dentro do bolso para não perder. Hoje eu tive sorte. Conchas especiais,  assim como pessoas especiais, não são fáceis de achar.






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Historiadora por profissão. Escritora por destino .Viajante no mundo por acaso. Fotógrafa amadora por paixão.