quinta-feira, 18 de março de 2010

Num Café.


Há quanto tempo eu estava ali sentada? Quem sabe? Pouco tempo. Tempo, tempo, tempo, tempo. Sempre o tempo. Me perseguindo dentro da minha cabeça. No relógio o tempo convenção. Aonde ele vai quando foge de nós? Sentada naquele café olhava a xícara na metade pousada solitária em cima da mesa. Madeira velha e gasta. Quantas xícaras já aparou? Quantas dores? Quantas solidões? A cidade é antiga, milenar, sei lá como fui parar lá! Andante, mutante, buscante, escondo-me no aconchego daquele Café. Frio e dor. Onde me perdi dessa vez? Só com meus pensamentos. Só com meus desejos. Só com meus botões e zíperes. Espero. A moça do balcão é simpática. Bonita do seu jeito. Não me olha. Não me vê. Passante eu como todos. A música vem de onde? Das caixas no teto. Pé direito alto. Subir nele e pegar a Lua ou Marte ou Vênus. Ver Nus. Cabeça de fome, de falta, de desejo não consumado. De vontades. Ver Nus. Corpos Nus. Um corpo nu. A música é alta. Batida moderna. Música antiga. Som de Brasil naquele Café. Naquele país. O último gole foi tomado. É preciso ir. Pra onde? Um cigarro... Necessário... Urgente. A moeda entra e ele sai da máquina. Marca? Que importa da marca. Importa o fumo. Alívio mentiroso. Prazer momentâneo. Ilusão. De onde essa falta? De onde essa dor? Onde meu pedaço perdido? Minha fêmea-gêmea alma. Onde minha alma? Levanto. A moça do balcão me olha. Talvez também procure. Muitas são as procuras. Visto o casaco. Frio na tarde da rua da cidade antiga. País velho. Porta velha. Dor velha. Solidão velha. Procura velha. Em qual Café vou te achar? Fêmea-gêmea. Alma-alma. Corpo igual. Desejo igual. Amor igual. Espera. Reflexões e lembranças. Fim de tarde. Atravesso a porta e saio pra uma rua. Aonde fica esse qualquer Café? Bertha Solares.

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