Sou cinéfila. Me apaixonei por cinema na
infância. O primeiro filme que assisti no cinema foi um Disney: Cinderela, lá
no começo dos anos 60 do século passado. Tinha 5 anos e fiquei enfeitiçada. Aos 7 anos já ia sozinha ou com amiguinhos no
cinema (calma...
o mundo era outro e criança andava sozinha nas ruas de São Paulo).
Adorava as matinês do Cine Nacional da Rua
Clélia no bairro da Lapa em São Paulo. Cinema
enorme, muito bonito com plateia e mezanino que depois virou uma famosa casa
noturna chamada Olympia que também não existe mais.
O Nacional ficava na rua debaixo e a duas
quadras da minha casa. Naquela época a matinê (horário da tarde) tinha sessão
corrida, ou seja, dois filmes pelo preço de um. Era uma farra. Dois filmes do
Elvis Presley pelo preço de um ingresso? Ou dos Beatles? E os filmes italianos da Gigliola Cinquetti?
...Dio, come ti amo... Ou da Rita Pavone? Mazzaropi? O ingresso era bem
barato, apenas um pouco mais do que o preço do saquinho de pipoca que era
vendido na rua por um pipoqueiro que morava na mesma rua que eu. Realmente
coisas do século passado.
Contei isso tudo para dizer que Cinema
virou uma paixão na minha vida. Devo ter assistido a quase todos os filmes que
o Rubens Ewald Filho cita no seu Dicionário de Cineastas. Claro que somando com
os filmes que assistia em preto e branco na televisão de casa.
Passei por todas as fases: bang-bang, filme
noir americano, neorrealismo italiano, nouvelle vague, etc. e por todos os
diretores: Otto Preminger, John Huston, Charles Vidor, Michael Curtiz, Cukor,
Rossellini, De Sica, Visconti, Pasolini, Fellini, Godard, Truffaut, Bergman, e
tantos outros que foram surgindo depois. Isso sem falar do cinema brasileiro de
Mazzaropi a Walter Salles, Bruno Barreto e Fernando Meirelles, passando por
Nelson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Reichenbach, Domingos de Oliveira, Sylvio
Back, Walter Hugo Khouri e tantos outros. Frequentei a Mostra Internacional de
Cinema de SP desde a primeira lá no MASP em 1977, época legal em que se fazia
amizade na fila de espera. Foi esperando para entrar numa sessão da mostra que comi
meu primeiro Big Mac do primeiro McDonald's instalado em São Paulo na Av.
Paulista isso em 1981. Hoje em dia não vou mais à mostra e nem como Big Mac.
Fiquei seletiva, mas sempre arrisco assistir os filmes que estão nos festivais de
Cannes, Berlin e Veneza para ver se algo de novo surge.
Os tempos são outros e os cinemas já não
ficam nas ruas, mas em salas dentro de shoppings e vivem dos blockbusters
americanos e da pipoca de máquina.
Ainda bem que a internet facilitou a vida
dos cinéfilos como eu porque agora se pode assistir filmes que nem entram em
cartaz por aqui e sem sair de casa. Filmes do mundo inteiro: argentinos,
chilenos, coreanos, japoneses, chineses, vietnamitas, indianos, etc.
O Oscar premia a indústria do cinema e não
a arte cinematográfica, sendo assim (e também porque dos filmes indicados na
minha opinião nenhum merece o prêmio)
não vou torcer para nenhum filme , mas vou assistir a festa para ver a Ellen
DeGeneres e suas piadas e para ver atrizes como Meryl Streep , Cate Blanchett e
Judy Dench, essas sim valem passar a
noite vendo a transmissão pela TNT e comendo pipoca feita na panela , bien sûr!